Está de chuva

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Sôtor
“Compreende-se perfeitamente que em meados do século XX, num Portugal pobre e iletrado, mais o contexto duma ditadura que promovia o culto da hierarquia, quem alcançasse uma mera instrução de ensino superior quisesse tomar para si um título que o engrandecesse entre os demais.
Enganando quem não a tinha alcançado, esses licenciados voltavam às origens com uma licenciatura e a convicção do entitlement a um tratamento deferencial com um título que não era seu. «Senhor, não — senhor doutor!», exigiam esses simplórios das pessoas simples.
(…)
Acontece que tal cretinice nunca nos passou de moda cá em Portugal, nem após o 25 de Abril. Pelo contrário, parece ter-se estendido com a crescente afluência de pessoas ao ensino superior que usurpavam agora para si também aquele título. Qualquer licenciado em qualquer curso era como se fosse um médico, um… doutor!
(…)
Então surge uma explicação defensiva que seria hilariante se não fosse dita como se fosse muito a sério: que os licenciados podem usar abreviação «Dr.» e que os doutorados, esses sim, até têm direito ao «Doutor» escrito por extenso. Uma patetice pegada para manter o costume do trato oral do doutor, que é o que interessa aos que a defendem, já que pouca correspondência escrita hão-de receber esses insignificantes.
A abreviação tem o mesmo significado que a palavra que abrevia, ou cabe na cabeça de alguém um «Sr.» ser menos que um «Senhor»? Até o próprio desconhecer do valor duma abreviação é sintomático, dentre a gente que lhe crê diferenças de significado.”(…)

Artigo completo por Ricardo José, aqui.

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