Em primeiro lugar, parabéns ao Berto.
E assim termina um curioso período da política portuguesa, que, se bem nos lembramos, começou (sem darmos por isso) com os primeiros rumores de que o Durão seria convidado para Bruxelas, coisa que o próprio não confirmou nem desmentiu. Foram 7 ou 8 meses de mudanças nos principais partidos, de confusão e de palhaçada, muita palhaçada. Esperemos que pelo menos a serenidade possa regressar. Pontos a sublinhar:
– Canas de Senhorim, por uma vez, deu um exemplo de civismo. Quanto todos esperávamos o habitual boicote, eis que Canas se transforma numa experiência-piloto da iniciativa do voto em branco já referida neste blog (e antes lançada pelo Saramago). Um dia destes, estende-se ao país. (Também, as eleições eram para o órgão que tinha aprovado a tonteira do concelho…)
– Paulo Portas, chocado com o avanço dos trotskistas, abandona o cargo. É pena, porque eu achava-lhe muita piada. Coitado, mais 2 ou 3% e podia ter permanecido à frente do partido, “descolando-se” do Santana, mas correu-lhe mal. É de sublinhar a dignidade da saída, não se mostrando, de facto, agarrado ao poder. Reconheço que me enganei; pensei que o CDS e o BE iam subir mas o CDS saiu derrotado e o Bloco subiu muito, mas continua em 5º.
– Há que dar os parabéns ao Pureza, conseguiu ser a terceira força política mais votada em Coimbra. Foi com o voto do Danish, concerteza.
– Aos meus amigos de Viseu e arredores, comunico-lhes que o novo Cavaquistão é aqui, nas terras entre o Bombarral e Castanheira de Pêra, o único círculo onde o PSD teve mais deputados que o PS (Não foi por acaso que a campanha passou por aqui no último dia). Longe vão os tempos em que o PCP tinha peso na Marinha Grande; conseguiu ficar em 5º lugar, atrás do BE… (deve ter sido da choradeira do Louçã na Mortensen.)
Estou moderadamente optimista, pois tudo correu bem, depois destes 8 meses de loucura, um ano depois de o Durão dizer que tinha um projecto PSD para Portugal até 2010. Evitámos o pântano em que, provavelmente, o governo Durão cairia; o Presidente Sampaio (cuja posição saiu reforçadíssima; e a esquerda, que dele só disse raios e coriscos em Julho, agora não emite um pio) deu uma legítima oportunidade a Pedro Santana Lopes de provar o que valia; firme, o Presidente evitou a continuação do chorrilho de parvoíces; o país avaliou Santana Lopes e votou na Estabilidade Que o País Precisa, evocada por muitas vozes. Só falta mesmo que o PSD faça por sua vez a avaliação de Santana Lopes e procure uma nova liderança, competente e capaz. É aqui que cai a nódoa, pois ao contrário de Portas, Lopes ainda tem a lata de não se demitir e apenas pedir congresso…

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