também não sei sobre o que postar.

Liberdade de expressão
Alguns perguntam: para que se inventou a liberdade de expressão? Porque hão-de ter todos o direito de expressar as barbaridades que lhes passarem pela cabeça?

São geralmente os herdeiros de Platão que fazem este tipo de perguntas. Entendem que as massas, o vulgo, a ralé, a grande maioria da população de seres humanos que não se distinguem do comum e se caracterizam pela luta diária e rude pela sobrevivência, estúpidos, bárbaros e incultos – isto é, todos nós… – só usam a liberdade de expressão para dizerem barbaridades e arrasarem qualquer tipo de debate. (Ou então para pôr em causa as suas ideias brilhantes.)

Eles tinham razão. Nietzsche, por exemplo, que é um desses herdeiros de Platão, tinha carradas de razão. É por isso que ele só podia odiar o tempo em que viveu, em que teve de assistir ao triunfo progressivo de uma ideia política que pretendia libertar as massas daquela causa da sua opressão que foi esquecida por Marx: a ignorância.
O caminho é difícil e longo. Pelo caminho, a liberdade de expressão tem de permitir que, efectivamente, sejam ditas muitas “estupidezes” e parvoíces. Mas, no fim de contas, quem nos pode garantir que o que parece parvoíce não se vem a tornar uma ideia muito sábia? O poeta Bocage, por exemplo, é reconhecidamente um génio.
E, além disso, quem somos nós para dizer o que é parvoíce e o que não é? Isso é uma boa desculpa para, em alguns casos, evitar que se digam algumas verdades…

Defendamos, pois, a liberdade de expressão. Em todo o caso, a liberdade de expressão exige que os que a utilizam sejam responsáveis, e que a utilizem de forma construtiva. A democracia constrói-se com cidadãos esclarecidos e responsáveis, e não com bárbaros.
Este processo de melhoria é longo e difícil, mas é assim que a democracia tem evoluído ao longo dos últimos 200 anos, para desespero dos Nietzsches…

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