Gerações

“Quando a vossa alma sentir um fenómeno medianamente característico da vossa época como algo de externo ou indecifrável, é porque algo em vós quer envelhecer. Há em todos os organismos – individuais ou sociais – uma tendência – e até voluptuosidade – em desligar-se do presente, que é sempre inovação, e recair por inércia no que é passado e habitual, há uma tendência para os homens se tornarem pouco a pouco arcaicos.”

Ortega y Gasset, “O Que é a Filosofia?” escrito pela primeira vez entre 1929 e 1930.

O livrito que comprei na FNAC de Coimbra na última Latada está a revelar-se proveitoso. Na passagem citada, o célebre filósofo espanhol do século XX aponta-nos uma verdade muito simples e a qual já tive oportunidade de experimentar, apesar dos meus verdes 24 anos: a verdade é que há pelo menos um fenómeno medianamente característico da minha época – os “Morangos com Açúcar” – e que a minha alma sente como externo e indecifrável. É um primeiro indício ou sintoma de envelhecimento. Daqui até 2070, quando eu fizer 87 anos, tenderá a piorar … numa versão muito pessimista, claro, porque o tempo da minha geração ainda não passou.

Ortega y Gasset discorre sobre vários outros assuntos que ficam para outro dia. Por agora, e visto que não há meio de termos o relatório da temporada de F1 2007, ficamos com mais memórias – o dia em que o piloto estreante Eddie Irvine achou por bem desdobrar-se (i.e., re-ultrapassar um piloto que já lhe tinha dado uma volta de avanço) de Ayrton Senna, o que lhe valeu um par de murros no final da corrida (imagens não disponíveis). Senna nunca tomou essa atitude reprovável com Alain Prost – tinha-lhe demasiado respeito para isso.

Foi no GP Japão 1993 e, apesar de tudo, Senna acabou por vencer.

Deixe um comentário