Olá a todos novamente, Bom Ano Novo… Natal foi bom… Passagem de Ano, sim, tudo bem…a minha constipação está melhor, obrigado…
Para quebrar a rotina do blog e emprestar-lhe um pouco de solidez, que vá para além do formato de “serviço noticioso” que tem tido, pretendo, com um mínimo de regularidade (espero fazê-lo uma vez por semana), introduzir uma rubrica que desperte o interesse do leitor. Como adepto fervoroso da ideia da sociedade aberta, vou falar desse fenómeno sempre interessante e que, embora pareça ser facilmente analisável, talvez não seja tanto assim. A rubrica chama-se DITADORES e uma vez por semana apresentará a biografia de um ditador, conhecido ou não, e o contexto político da sua governação.
Neste n.º 0 da rubrica DITADORES pretendo, antes de dar a conhecer o primeiro, esclarecer as condições em que a rubrica vai funcionar.
Em primeiro lugar, dar uma definição de ditador. Entendemos por ditador, de forma muito simplificada, o governante ou Chefe de Estado que governa sem consentimento da maioria da população, expresso através do procedimento democrático de eleições.
“Bem!”, gritam os leitores, “mas assim todos os estados que não são democracias são ditaduras!” No limite, é assim, mas também não queríamos ver as coisas dessa maneira. Os sites americanos sobre ditadores apresentam as coisas dessa maneira, aquilo que a nós, europeus, nos parece uma forma muito ligeira e inocente de ver a realidade, escrito por cidadãos cujo país nunca viveu em ditadura. Pretendemos ultrapassar a candura norte-americana. Assim, há que estabelecer limites.
– em primeiro lugar, só vamos tratar dos ditadores do moderno sistema de estados, pós-1648. Júlio César, romano, triúnviro e candidato a imperador, e João Sem Terra, rei inglês cuja comportamento ditatorial não foi suficiente para travar a primeira Constituição da História (a Magna Carta de 1215), ficariam bem na nossa lista, mas para o incluirmos tínhamos de fazer uma pesquisa histórica demasiado exaustiva.
– Não vamos incluir os reis absolutistas por direito divino que se comportavam como ditadores. O fosso histórico é demasiado grande e os ditadores modernos têm características próprias.
– Pelo mesmo motivo, as monarquias absolutas existentes actualmente não vão ser abordadas como ditaduras, pois apresentam características distintas. É fácil dizer que a Arábia Saudita é uma ditadura, pois não é uma democracia, mas entre a Família Real saudita e o recentemente deposto Saddam Hussein existem várias diferenças.
– Será que os secretários-gerais dos Partidos Comunistas que comandavam ou comandam estados comunistas devem ser considerados ditadores? Aqui entra já uma evolução decisiva no nosso conceito: o ditador deve imprimir o seu cunho pessoal à liderança, e não ser apenas o burocrata mais elevado de uma máquina estatal fechada e repressiva. É por isso que, de todos os líderes da União Soviética de 1922 a 1991, consideramos que apenas José Dugachvilli merece entrar na nossa lista como um verdadeiro ditador, pois a sua acção pessoal moldou de forma bem vincada a evolução tanto do Partido como do Estado soviético, coisa muito menos visível com os seus sucessores como Kruschev, Brejnev ou Gorbatchev. Achamos que nem o próprio Vladimir Ulianov merece ser considerado ditador, pois embora sendo o chefe de um movimento revolucionário que transformou uma autocracia feudal numa ditadura moderna, não perseguiu os opositores nem se comportou de forma tão sanguinária e brutal como o seu sucessor Dugachvilli.
– Os líderes de países do Terceiro Mundo que chegaram ao poder liderando movimentos armados são ditadores? Consideramos que o apoio popular de que um dado movimento libertador goza não dá direito ao seu chefe de recusar a implementação do processo democrático, tornando-se assim num ditador. É possível que a democracia seja mais perigosa que a ditadura no continente africano, onde o Estado é uma construção frágil e artificial. No meu ponto de vista, isso não legitima a ditadura.
Antes de terminarmos o número 0 da rubrica DITADORES, vamos fazer a primeira análise de um caso prático – os regimes fundamentalistas islâmicos do Médio Oriente são/eram liderados por ditadores? Embora Omar, o mulá do Afeganistão (deposto em 2001), e Khomeini, o aiatola do Irão (já falecido) fossem os chefes indiscutidos de dois regimes em tudo contrários ao ideal de sociedade aberta, julgamos que não se tratam de ditadores no pleno sentido da palavra. No Irão, uma vasta revolução popular instaurou um regime radical que se conserva firme e igual a si próprio, mesmo depois da morte de Khomeini. A tal ponto que as tímidas tentativas de abertura do moderado Khatami esbarram nos “ultras” do regime, que gozam de forte apoio popular. No Afeganistão, o motor do regime eram os estudantes de Teologia, os Talibã, que até agora continuam a resistir às tropas norte-americanas. Omar era “apenas” o seu chefe, mas não existe a sensação de liderança forte, autoritária e indispensável transmitida pelos verdadeiros ditadores.
Alguns leitores podem perguntar-se: “E o bin Laden, vai aparecer na lista?” É óbvio que não. O ditador, para o ser, tem que ser chefe de Estado, e bin Laden é a antítese deste conceito, ao liderar uma organização internacional com importância nas relações internacionais actuais que luta contra Estados mas que não é um Estado, nem nunca tal hipótese se pôs, apesar da colaboração com os Talibã afegãos.
Antes de acabar, uma nota linguística: pode parecer estranho ver as palavras “mulá” e “aiatola”, quando todos conhecemos “mullah” e “ayatollah”. No entanto, como sou um fervoroso defensor da língua portuguesa, prefiro utilizar as duas primeiras. Não me venham dizer que ayatollah é a forma, em língua persa, da palavra porque isso são histórias da carochinha, ayatollah é a forma INGLESA de uma palavra persa que ninguém sabe escrever porque os persas não utilizam o alfabeto latino…
E agora as notícias…
– NOVA PARMALAT NA FINLÂNDIA
A empresa do Pai Natal abriu falência. Segundo uma agência noticiosa finlandesa, ao fazer o balanço de fim de ano, um funcionário anónimo do Pai Natal descobriu graves irregularidades. Uma investigação descobriu que o Pai Natal desviou fundos da empresa para uma conta particular nas Ilhas Caimão. Suspeita-se ainda que os subsídios que recebeu da União Europeia desde a adesão finlandesa, em 1995, foram utilizados para fins pessoais. Um tribunal finlandês declarou a falência da Pai Natal, SA. Os funcionários (gnomos e renas) temem pelos seus postos de trabalho.
– as aulas reiniciaram-se na feuc, assim como em todo o lado… sem nada de muito importante a registar…
– a Olinda e a Natália regressaram de Erasmus.
– já foi publicado o anuário de F1 de Francisco Santos, que se sente já cansado e cedeu a escrita de praticamente todo o livro ao micaelense Luís de Vasconcelos, do Autosport. O carisma brazuca terminou, mas ficou de mais fácil compreensão para o português de Portugal. Esta foi a classificação dos 10 Mais:
1 – Raikkonen
2 – M. Schumacher
3 – Alonso
4 – Montoya
5 – Barrichello
6 – R. Schumacher
7 – Trulli
8 – Webber
9 – Button
10 – Frentzen
O pormenor de Raikkonen no nº 1 é vital e concordo a 100%, dada a época milagrosa que realizou. Concordo com a tabela a 99,9%. Nota de destaque para a não inclusão de Coulthard nos 10 Mais, finalmente. Já o ano passado o 8º lugar foi nitidamente forçado. Esperemos que o 2º McLaren possa ser aproveitado a 100% a partir de 2005. Coulthard deixou de dar rendimento a meio da temporada de 1997 – são anos a mais.
– Há rumores de que o OMF poderá jogar esta semana. Diz-se que na 4ª feira. Se jogar, será contra Os Caçadores da FEUC – boa merda!!
– É inútil dizerem-me que o Silva se atirou p chão. Eu vi o lance e tenho olhos para ver que o João Pinto é um excelente professor. Viva o Sporting!!!!!