Memórias de José Hermano Saraiva
“Foi a decepção da Faculdade de Letras que me levou à Faculdade de Direito. (…) A disciplina mais do meu agrado era a de Direito Constitucional (…) O professor da cadeira era o dr. Domingos Fezas Vital, personalidade aureolada de grande prestígio: antigo reitor da uniersidade de Coimbra, juiz do Tribunal Internacional de Haia, redactor do projecto da Constituição de 1933, etc. (…) a primeira pergunta foi: (…) respondi com todo o à-vontade, mas o professor [Fezas Vital] respondeu: Está certo, mas não é claro. Exprima-se noutros termos. (…) à quinta insistência, julguei compreender: o professor queria verificar se eu tinha decorado ou não a sebenta (…) Julguei poder escapar deste beco sem saída dizendo:
– V. Exª já reconheceu cinco vezes que as minhas respostas estão certas, mas não consigo ser mais claro do que já fui. É possível que o defeito seja de V. Exª e não meu, e peço por isso que passemos a outro assunto.
O resultado foi como se eu tivesse atirado um fósforo aceso para dentro de um saco de pólvora. (…) Peguei nos Códigos para me vir embora e pôr ponto final no assunto mas tive uma surpresa: na mesa dos professores, um dos membros do júri pusera-se igualmente de pé, e, num gesto imperioso exigia-me que me sentasse de novo, isto é, entendia que eu não devia desistir. Voltei a sentar-me. O professor Fezas Vital disse apenas: «por mim, acabou o seu exame.» E passei ao interrogatório seguinte, feito pelo professor Luís Pinto Coelho.
Foi assim que eu conheci o professor Marcelo Caetano.
Chris Benoit
Fui adepto de Wrestling nos anos 90, tendo depois deixado de acompanhar. Contudo, nas poucas ocasiões que acompanhei na presente década, em vez de alinhar com as preferências por John Cena, tinha alguma simpatia (não faço ideia porquê, claro), pelo canadiano Chris Benoit.
Este suicídio abrupto, antecedido de dois crimes, é tlavez uma boa razão para eu deixar de ver wrestling de uma vez para sempre.
Fabio Capello e Damon Hill
Fabio Capello foi despedido em plenos festejos do campeonato vitorioso. Estranho? Nem por isso. A avaliação de Capello foi feita muito antes, quando tudo corria mal, e a decisão tomada logo nessa altura. Neste estado de espírito, a recuperação final do campeonato é atribuída a todos os factores: quebra do Barcelona, mentalidade dos jogadores… o que quer que seja. Mas é insuficiente para restabelecer a confiança do Real Madrid em Capello. E sem confiança nas pessoas, não há futuro.
Damon Hill foi campeão de F1 em 1996. Duas corridas antes da sagração, já Frank Williams o tinha despedido. Por melhor que estivesse a correr a temporada, era demasiado tarde. Há quem diga que Frank tinha tomado a decisão logo em 1995, quando Hill não teve hipóteses de lutar contra Schumacher num carro ligeiramente superior. Ou talvez a constatação que, em 1996, Hill só estava bem se partisse da pole e não houvesse nenhum contratempo. Em todo o caso, deixou de haver confiança, e nem o Campeonato foi suficiente. De resto, as outras equipas também não confiavam nele, ao ponto de ter de aceitar um Arrows para 1997…
Em relação a Capello e Hill, o Peseiro tinha a agravante de não ter título nenhum…
Palermice
“Com Nuno Assim o Benfica seria campeão”
Fernando Santos