Archive for Junho, 2005

Junho 30, 2005

EMIDIO GUERREIRO-105 ANOS A LUTAR PELA DIGNIDADE HUMANA

É verdade.Se houve momentos de que nunca mais me esquecerei dos meus tempos de dirigente estudantil, os momentos em que privei por breves minutos com Emidio Guerreiro é um deles.
Convidámo-lo para intervir numa conferência nas comemorações dos 30 anos do 25 de Abril. Na altura, quando lhe perguntaram o que o moveu numa luta tão feroz contra os regimes autoritários ele respondeu simplesmente: “durante toda a minha vida lutei pela dignidade humana e contra a alienação”
Jamais me esquecerei desta frase.
Além de todos os ideias progressistas que sempre nortearam a actuação deste democrata,ainda hoje, sempre que lhe era solicitado, fazia análises muito conscientes e construtivas da actualidade.
Como disse alguém um dia: “MORREU O HOMEM MAS OS SEUS FEITOS PERDURARÃO NO TEMPO”
Todos nós, temos responsabilidades na defesa e empenho na perenidade desses feitos

Junho 30, 2005

Emídio Guerreiro, 1899-2005
O Berto será mais indicado que eu para fazer, neste blog, uma referência ao falecimento de Emídio Guerreiro – mas nada o impede de o fazer; obviamente, só vou falar em meu nome.
E porquê o Berto? Porque foi ele o único membro da SARIP a ter a oportunidade de privar com este símbolo maior da resistência ao fascismo.
E apesar do que disserem os filósofos do esquecimento (e já tomei conhecimento de alguns, desde os livros de Milan Kundera até aos diálogos de Gilberto Coelho), a verdade é que alguns indivíduos libertam-se da lei da morte. Combatente na Primeira Guerra Mundial, na guerra civil espanhola, na Resistência francesa, exilado político da ditadura de Salazar, interveniente na política pós-25 de Abril, democrata e racionalista até aos ossos. Numa das suas últimas intervenções públicas (de que me recordo), chamou a atenção para o massacre de Beslan e os perigos que o mundo moderno atravessa. Pessimismo de velho? Talvez – ou não. Honremos o seu exemplo e a sua memória.

E agora passando a factos um pouco mais leves…
Não vi todo o Brasil-Argentina (estive a ver a homenagem da RTP2 a Emídio Guerreiro), mas fixei dois comentários do eterno Gabriel Alves:
– Quando uma equipa cheia de talentos individuais consegue jogar como um verdadeiro colectivo, o resultado e o espectáculo são impressionantes…
– Ronaldo não faz falta nenhuma no “escrete.”

ITER
Daqui a 10 anos entrará em funcionamento o reactor termonuclear internacional, a construir na França, e daqui a 30 a sua utilização vulgarizar-se-á…
Sei demasiado pouco sobre o ITER para estar a falar. Aparentemente, parece tratar-se da concretização de algumas das utopias energéticas/ambientais de que a nossa geração se habituou a ouvir falar desde a infância. Esperemos…

Guerra civil em Israel
Gostaria de ouvir, não só os responsáveis do Hamas e da Jihad Islâmica, mas também outros representantes dos muçulmanos pelo mundo fora, sobre o clima de nervos que se vive na sociedade israelita neste momento. Há soldados julgados por desobedecerem a ordens, há feridos, há o exército a malhar em colonos em fúria.
Será que isto é uma encenação e Israel não quer retirar de Gaza?…

Sim, eu sei que não temos tido imagens do muro da Cisjordânia, mas o que eu queria sublinhar é que a nação israelita está em crise profunda, já que um princípio absoluto, vital e eterno está a ser posto em causa pelo governo de Sharon – o de nunca ceder terreno aos palestinianos. Essa crise não me parece encenada…

Junho 29, 2005

Taça das Celebridades

Hoje o meu pai perguntou-me se era a “Taça das Celebridades”que o Brasil e a Argentina iam disputar hoje na final!? Eu expliquei que era a Taça das Confederações. Ele então perguntou-me para que servia essa taça? Disse-lhe que era uma competição entre os vencedores dos diferentes campeonatos de cada federação de futebol de cada continente no mundo, mas acho que deveria ter dito mesmo que a taça não servia para nada…

Junho 29, 2005

Trafalgar
Começaram ontem, em Portsmouth, England, as comemorações dos 200 anos da batalha de Trafalgar, que se deu ao largo do cabo do mesmo nome, no sul de Espanha, onde uma esquadra britânica comandada pelo célebre almirante Nelson destruiu uma esquadra franco-espanhola superior em número, arruinando as vagas esperanças que Napoleão tinha de invadir as ilhas britânicas. A Rainha passeou-se a bordo de um navio, mais de 30 países (incluindo naturalmente os antigos inimigos) associaram-se à festa enviando navios de guerra, houve fogo de artifício, enfim, um grande encontro de paz – e de ostentação; enquanto a França envia o todo-poderoso porta-aviões nuclear Charles de Gaulle, os Estados Unidos lá condescendem em enviar um navio de segunda linha.
Os jornalistas brincam com o facto de as guerras europeias serem, hoje em dia, com cheques e não com navios de linha. Estes dois factos – as lutas de cheques e o facto de os jornalistas poderem brincar com a situação – são a prova de que algo funciona ainda com o projecto europeu: este pequeno continente é hoje um espaço de paz e os povos que o constituem ultrapassaram todos, ou quase todos, os ódios antigos (se bem que o tradicional ódio franco-britânico começou a ser apagado em 1904, mas adiante.)
Seria bom que nós, portugueses, fizéssemos algo de semelhante com as celebrações da batalha de Aljubarrota, convidando espanhóis, os seus aliados franceses, os nossos aliados ingleses, e talvez outros, numa cerimónia de enterro das histórias antigas. Será que não o fazemos porque os “maus ventos” de Espanha ainda não o permitem?
Ou será porque pura e simplesmente, ao contrário da Inglaterra, nós não temos celebrações da batalha de Aljubarrota? …
(Há alguns, como o prof. Gouveia Monteiro da FLUC, que dizem que a batalha de Aljubarrota é um mito mais ou menos encenado; mas isso não é desculpa. Trafalgar também é um mito – a batalha só veio confirmar um longo processo de decadência francesa e espanhola nos planos naval e colonial face à supremacia britânica – e isso não impede o ritual de pacificação…)

E o avião?
Alguns dos leitores espantar-se-ão por eu não ter falado do avião que chocou com um carro no aeródromo de Espinho, visto em Leiria haver um caso semelhante de um aeródromo atravessado por uma estrada.
Example

Não deixa de ser uma situação perigosa, mas apesar disso não acho a questão assim tão importante.
Quantos automobilistas morrem por ano vítimas de aviões que lhes caem na cabeça?
Quantos automobilistas morrem por ano vítimas de comboios que os passam a ferro, em passagens de nível sem guarda? Sem ler os números do INE, a resposta parece-me evidente.
Num país onde as passagens de nível sem guarda proliferam como propostas de contratos ao Figo, é natural que haja dois aeródromos atravessados por uma estrada. E só não é de espantar que não haja uma ou duas auto-estradas também atravessadas por uma estrada… Em todo o caso, tenho muito mais medo dos comboios, dos bêbados e dos camionistas ensonados que dos aviões. Questão de probabilidade matemática.

…o que é que Trafalgar trouxe de novo para Portugal?
Tal como a invasão da URSS adiou para sempre os planos nazis de invasão da península ibérica, a batalha de Trafalgar abriu caminho às invasões francesas. Napoleão desistiu do desembarque em Dover e imaginou uma forma muito mais ambiciosa e estúpida de derrotar a Inglaterra – o bloqueio continental, impedindo o comércio inglês com os países continentais, através das armas, o que envolvia a presença de tropas francesas em todos os países que não cortassem relações com a Inglaterra. Entalado, o Portugal do Tratado de Methuen não tinha grandes hipóteses de escapar às invasões…

Junho 28, 2005

Comunicado da Administração
II Campeonato Bomberman
Como decerto todos se lembram, realizou-se em Maio de 2002 o I Campeonato Bomberman (célebre jogo para MS-DOS também conhecido como Dynablaster), no computador mais afastado do canto da sala do CIFEUC.
Na altura, não foi calendarizada
(alguém se lembra do Lorde/Filipinho usar esta palavra numa reunião de carro? Calendarizar…)
Dizia, não foi calendarizada a realização do segundo campeonato. Assim, e por inércia, subentende-se que, à semelhança dos campeonatos internacionais de futebol e dos jogos olímpicos, o Torneio se realiza de quatro em quatro anos.
Assim, numa altura em que faltam menos de 11 meses para a realização da segunda edição deste fabuloso campeonato, a Administração do Blog da SARIP convoca os participantes do torneio a guardarem espaço nas suas agendas para Maio de 2006 e a começarem, desde já, a praticar.
Naturalmente, este não é um torneio fechado, e a Administração está receptiva às eventuais inscrições de concorrentes que sejam leitores habituais deste blog e que não tenham participado no I Campeonato. (Referência especial ao sr. Berto Messias, o grande ausente do dito.)
O II Campeonato Bomberman terá lugar na localidade de Furnas, S. Miguel (Açores). *

YEEEAAH!

* sujeito a confirmação

Junho 23, 2005

“Cada um de nós é um Deus. Cada um de nós sabe tudo. Tudo o que temos de fazer é abrir a nossa mente para ouvir a nossa própria sabedoria.” BUDA

Junho 23, 2005

Fogos
No seguimento de alguns debates que tenho tido com a Marisa Sêco, via Messenger, sobre os incêndios que assolam o país desde que a nossa geração tem memória, mas com particular incidência no século XXI, (e sobre muitas outras coisas), gostaria de puxar uma autoridade para o meu lado, citando parte da entrevista que Francisco Moreira, biólogo e investigador do Centro de Ecologia Aplicada, deu à revista que saiu com o Diário de Notícias no domingo passado:
“Um dos grandes problemas que leva aos fogos florestais tem a ver com o fim da agricultura, com o abandono de áreas que eram agrícolas e funcionavam como corta-fogos. Eram zonas sem vegetação – ou tinham vegetação que não ardia muito – e que serviam para parar um incêndio florestal. Com o abandono da agricultura, dos terrenos, com a diminuição da população do meio rural, tem-se promovido a homogeneização da paisagem. E o que dantes era um mosaico, que tinha hortas e gente a cortar mato – e, portanto, a retirar material que facilmente arde – passou a ser uma paisagem homogénea. O desaparecimento das actividades ligadas ao meio rural tem promovido a ocorrência de maiores incêndios.”

Religião
Aqui há tempos houve neste blog uma tentativa de lançar um debate sobre religião que, infelizmente, abortou. Pegando nessa deixa, apetece-me deixar aqui um excerto de um dos livros que li ultimamente: “Anjos e Demónios”, do célebre Dan Brown (escrito antes do Código Da Vinci.)
Não vou fazer comentários nem dizer se concordo ou discordo.

“- A religião é como a linguagem, ou a maneira de vestir. Somos atraídos para as práticas em que fomos educados. No fim, porém, todos proclamamos a mesma coisa. Que a vida tem um significado. Que estamos gratos ao poder que nos criou.
Langdon parecia intrigado.
– O que está a dizer, então, é que sermos Cristãos ou Muçulmanos depende apenas do lugar onde nascemos?
– Não é óbvio? Veja a difusão da religião no mundo.
– A fé é então aleatória?
– De modo nenhum. A fé é universal. Os nossos métodos específicos de entendê-la é que são arbitrários. Alguns de nós rezam a Jesus, outros vão a Meca, outros estudam partículas subatómicas. No fundo, andamos todos simplesmente à procura da verdade, uma verdade maior do que nós.
(…)
– E Deus? – perguntou. – Acredita em Deus?
(…)
A ciência diz-me que Deus deve existir. O meu cérebro diz-me que nunca serei capaz de compreender Deus. E o meu coração diz-me que não deverei conseguir.
(…)
– Acredita então que Deus é um facto, mas que nunca conseguirá compreendê-l’O?
– Compreendê-l’A – disse ela, com um sorriso. – Os seus americanos nativos tinham razão.
Langdon riu-se.
– A Mãe Terra.
– Gea. O planeta é um organismo. Todos nós somos células com diferentes propósitos. E apesar disso interligados. Servindo-nos uns aos outros. Servindo o todo.”
(pp. 129-130, pela edição da Bertrand)

Junho 22, 2005

Nova Contratação do F.C.P.

No jornal “O Terceirense” é dada como certa a contratação do médio atacante Messias, Pinto da Costa numa declaração ao dito jornal faz a sintese do novo jogador.
P.C.-” O Messias foi uma aposta do fé qué pé para o futuro mais afastado, o que chamooe a atençoe do clube foram as suas caracteristicas de jogo, o jogador é um hibrido entre o Mantorras e o Figo, um talento, no ataque às vezes até parece o Valderama pelo menos pelo cheiro que espaha no campo, é um jovem que respira futebole témos é pena de ser asmático, mas o nosso fisioterapeuta irá fazer os possibeis par o indibiduo non morrer em campo, massagem bucal e garrafoes de oxigénio com um pouco de binho do Porto pa dar gosto.”
O mesmo jornal conseguiu uma resposta do jogador.
Messias.-“estou contente com este novo passo na minha vida, as negociações foram fáceis a unica condição que me foi pedida foi lavar-me mais vezes por dia, o Mister não gosta de Bacalhau”.
Sem duvida um grande passo para este jovem jogador Açoreano, quem sabe um novo Pauleta, para este jovem o céu é o limite, de acordo com afirmações do próprio.
O jornal termina com a famosa frase teatral ” break a leg…”, uma forma gentil de desejar boa sorte ao jogador!!!!

Junho 22, 2005

O reconhecimento da Spin
No Público de ontem vinha a seguinte notícia:
OK Computer, o álbum de 1997 dos Radiohead, foi eleito pela revista norte-americana Spin o melhor disco dos últimos 20 anos.” Isto porque, segundo a editora, “o disco previu a actual cultura global de inquietação comunitária.”
Os leitores que estiveram comigo na Golpilheira (ver untitled post, 28/03/2005) podem imaginar o meu contentamento com esta notícia. O tema “Paranoid Android”, que eu interpretei nessa memorável sessão de karaoke, é retirado deste álbum – o que significa que cantei uma autêntica obra de arte. Mais ainda porque consegui identificar-me com o espírito do vocalista e da música. Ou não notaram a “cultura global de inquietação comunitária” na forma como cantei? Pelo menos, acho que consegui espalhar a inquietação entre os ouvintes – a começar pelo meu parceiro de cantoria, que ficou mesmo inquieto…
Ok Computer ficou à frente de It Takes a Nation of Millions To Hold Us Back, dos Public Enemy, e Nevermind, dos Nirvana. Assim, se algum dos leitores possuir este álbum dos Public Enemy, se mo puder emprestar, agradeço. Se algum dos leitores me retirar da ignorância e me explicar quem são os Public Enemy, já fico contente.

Junho 21, 2005

Recordando um clássico