Archive for the ‘Matraquilhos’ Category

Anarquia consensual

Junho 20, 2010

Ainda sobre o tema dos Matraquilhos, o Analfabeto referiu num comentário a questão da “anarquia consensual.” Para além de ele ter razão, eu gostaria de aprofundar um pouco este tema e falar das diferenças entre um desporto federado e um desporto amador.
Olhando para o regulamento, é visível que a Federação fez um bom trabalho na tarefa de aproximar os Matraquilhos a desportos como o Bilhar; eventuais incorrecções e situaões menos claras poderão ser corrigidas no futuro. Além disso, desconheço os standards da International Table Soccer Federation, que devem obrigar a determinados procedimentos.

http://www.youtube.com/v/nSylpo0m1dE&hl=pt_BR&fs=1&

Gosto, além disso, de ver como este desporto está bem implantado no concelho de Alcobaça. Por entre a confusão de informação disponível no site da FPM e no subdomínio da Associação de Matraquilhos de Leiria, consigo discernir que a União Desportiva de Turquel é um dos associados, e que o Casal de Vale de Ventos e os Casais de Santa Teresa (já na freguesia de S. Vicente Aljubarrota) são dos primeiros participantes.

Cultura própria
Em todo o caso, sim; a “anarquia consensual” de que o Analfabeto fala é na verdade uma cultura própria. Os casos que sublinhei no post anterior são alguns dos que mais “cortam” com a cultura popular, que é aquela em que fui formado.

http://www.youtube.com/v/9p-I-Q7MeYQ&hl=pt_BR&fs=1&

A reposição de bola na mesa de jogo é sempre feita sobre a linha de meio campo, e nunca na área defensiva e recorrendo a moeda ao ar. Parte-se do princípio que a sorte decidirá quem leva vantagem no meio campo. Mais: habitualmente exige-se ao jogador que faz o lançamento que faça a bola bater na chapa metálica do lado oposto ao seu, de modo a garantir uma reposição equitativa, e não “caseira”. Assim, golos marcados quase inadvertidamente no momento de uma reposição em que a bola casualmente bate num jogador, são considerados pelos jogadores honrados como não válidos. Uma situação mais difícil quando existe a pressão monetária associada a um”set” de 9 bolas…
Faz ainda parte da cultura popular bater a bola 3 vezes antes de a introduzir na mesa, e simular o descascar de um ovo depois das 3 batidas. Mas isso já é totalmente extra-jogo.

A troca de jogadores pode ser feita em qualquer altura, e não apenas no final da partida. Aliás, nunca poderia ser feita no final, pois, no jogo popular, a equipa que perde à melhor de 9 bolas deverá ceder o lugar à equipa seguinte, e portanto não há partida seguinte.

Sobre a entrada e saída da bola na baliza, a cultura popular não é muito clara, pois são situações, apesar de tudo, raras. Mas julgo prevalecer o conceito futebolístico da linha de baliza: se passou a linha de baliza, é golo… além disso, isto permite aos jogadores “poupar” mais uns tostões, pois cada bola custa dinheiro. Pelos padrões de 1996, cada bola custava 5,55555555555556 escudos (50 escudos/9 bolas).

Nos matraquilhos, evidentemente que a partida à melhor de 9 bolas é obrigatória. Como poderiam existir histórias de reviravoltas gloriosas de quem perde 4-0 e consegue ir vencer 5-4? Ou do desespero de quem perde 4-0, consegue empatar e acaba por perder na “negra” (terminologia emprestada do snooker”? À melhor de 5 bolas, nem dá tempo para aquecer.

Arrastar a mesa e bater com os varões (ou barões, como a FPM lhes chama, talvez por a sede ser em Valongo) é, obviamente anti-jogo. Mas, não poder falar com os adversários?… a essência dos matraquilhos é obviamente discutir animadamente com os adversários – e mesmo os jogadores que gostam de permanecer calados o reconhecem….

A anarquia é consensual porque baseada no costume e na cultura. E sim, passar para as regras da FPM seria um choque.

E depois, além da cultura popular, há sempre a malta que leva o conceito para lá dos limites.

http://www.youtube.com/v/tXK9GlQamAc&hl=pt_BR&fs=1&

Regulamento Oficial Matraquilhos – equipas

Junho 20, 2010

2.6. No caso de a bola sair para fora da mesa de jogo, esta será reposta na extremidade da linha de baliza da equipa que anteriormente sofreu um golo e terá de ser reposta pelo atleta defensivo da equipa. Caso aconteça na primeira bola de jogo, esta terá de ser colocada na baliza oposta à última reposição de bola. Para isto basta que a bola entre em contacto com um dos atletas ou na superfície externa da mesa de jogo.

…então e a primeira reposição de bola do jogo?

4. BOLA MORTA
4.1. Uma bola será declarada “bola morta” quando pára o seu movimento
completamente, não estando ao alcance de qualquer jogador.
4.2. Na Defesa a bola será reposta pelo atleta defensivo na sua área, no Meio Campo a
bola será ganha pela equipa contrária que fez a última reposição de bola e no Ataque
a bola será ganha pela equipa adversária.

pela equipa adversária de quem? Pela equipa que ataca?

4.3. Toda a bola reposta terá de ser efectuada com a máxima garantia de que a equipa
adversária está pronta para jogar. (esta regra rege-se não apenas a bolas mortas).

Primeiro: As bolas mortas regem-se por esta regra, não é a regra que se rege às bolas mortas. Segundo: se a regra se aplica não apenas a bolas mortas, porque não criar uma secção específica para ela em vez de a colocar dentro da secção de bolas mortas?

5.3. Durante os intervalos os atletas devem manter-se no local de jogo, sentando-se na
sua mesa de apoio ao jogo. Contudo poderão ir ao WC, sem exceder o limite de
tempo, mas sempre com a autorização do Árbitro ou Director Desportivo, caso
contrário, poderão ser admoestados pelos mesmos.

Algum dos leitores me pode esclarecer se no ténis ou no bilhar os jogadores têm de pedir autorização ao árbitro para ir ao WC?

6. MUDANÇA DE POSIÇÕES
6.1. Só é permitida a troca de posições dos atletas (defesa – ataque e vice versa) no final
de cada partida.

Ok…. rigidez táctica para obrigar a equipa a fazer escolhas.

8. BOLA ENTRA E SAI DA BALIZA
8.1. Não é considerado golo e o jogo continua normalmente.

Facilita o critério de avaliação, não é?….

Matraquilhos (I)

Junho 15, 2008

Jogo matraquilhos há 18 anos e várias vezes pensei que deveria existir uma federação portuguesa desta modalidade.
Só por falta de lembrança não fiz a pesquisa no Google há mais tempo. Tanto assim que foi por um amigo, o João Costa, que tomei conhecimento do site da FPM – Federação Portuguesa de Matraquilhos.

A curiosidade é tanta que vai obrigar a uma leitura atenta de todo o site, nomeadamente sobre o modo de funcionamento dos campeonatos regionais, distritais e nacional. Esta vai passar a ser, certamente, uma rubrica habitual deste blogue – nomeadamente porque a SARIP tem um belo historial em termos de matraquilhos, mesmo que eu não saiba o que é feito do papel onde registámos os resultados daquele célebre torneio dos Jardins da AAC.