Archive for Novembro, 2004

Novembro 30, 2004

Cascata

A criança sabe que a boneca não é real, e trata-a como real até chorá-la e se desgostar quando se parte. A arte da criança é a de irrealizar. Bendita essa idade errada da vida, quando se nega a vida por não haver sexo, quando se nega a realidade por brincar, tomando por reais as coisas que o não são! (…)

A criança não dá mais valor ao ouro que ao vidro. E, na verdade, o ouro vale mais? – A criança acha obscuramente absurdos as paixões, as raivas, os receios que vê esculpidos em gestos adultos. E não são na verdade absurdos e vãos todos os nossos receios, e todos os nossos ódios, e todos os nossos amores?

Ó divina e absurda intuição infantil! Visão verdade das coisas, que nós vestimos de convenções no mais nu vê-las, que nos embrumamos de ideias nossas no mais directo olhá-las!

Será Deus uma criança muito grande? O universo inteiro não parece uma brincadeira, uma partida de criança travessa? Tão irreal, (…)

O Livro do Desassossego, Vicente Guedes

Novembro 29, 2004

Novembro 27, 2004


Novembro 25, 2004

25 de Novembro

Tal como assinalei o 11 de Março, também gostaria de não deixar passar o 25 de Novembro e o fim do PREC sem uma pequenina referência. Mas como não estou com paciência para análises, limito-me a apontar uns links com opiniões sobre o caso. Espero bem que sejam o mais abrangentes possível (isto é, que incluam opiniões como “foi o fim triste do 25 de Abril” até “termina a deriva esquerdista soviética e inicia-se o estabelecimento da democracia pluripartidária como a conhecemos hoje.”

O Barnabé há um ano

Instituto Camões

O PREC segundo Otelo (entrevista)

Carta Aberta ao senhor deputado Alberto Martins

Galo Verde (e assim se descobrem blogs)

Guilherme Monteiro

A Voz do Nordeste (“o voto e as armas”)

Bem, já chega. De resto, eu apenas estou a pôr aquilo que o Google me forneceu.

Novembro 25, 2004

Aniversário

“A apenas 60 horas, pouco +ou-, da entrega do trabalho de PCRI2, a SARIP orgulha-se de retomar a tradição daquele esquecido http://geocities.com/saripcoimbra/ e preencher a internet com vulgar porcaria! Esperamos que a vulgar porcaria deste talvez se calhar ninguém sabe último ano do curso possa elevar-se aos píncaros da literatura…Alguém tem ideias melhores para inaugurar este blog?”

Era assim que começava, há precisamente um ano, o primeiro post deste blog. O apelo mantém-se: alguém tem ideias melhores para assinalar a data? O blog atravessou altos e baixos, períodos de glória e períodos miseráveis, geralmente com boa disposição, e… olha, cá estamos quase sem darmos por isso. Agradecemos aos leitores a paciência e para o ano cá estaremos, ou não.

(Não, não, a Administração não faz balanços nem análises, os co-bloggers e os leitores que os façam, se quiserem.)

Novembro 23, 2004

Este poema doi escrito durante um aula de organizações europeias. Já tem algumas informações desactualizadas, pelo que peço desculpa a alguém que fique magoado com o que o poema pode conter. A finalidade do poema é simplesmente relembrar um pouco o que já lá vai, ou seja, a SARIP…

SARIP

SARIP é uma sociedade

repleta de amizade

de força e dignidade

que faz apenas a sua vontade

Somos só 6 elementos

mas já dizimá-mos garrafões aos centos

a prioridade é a bobedeira

o gozo e a brincadeira

O Fernando é o primeiro

pensa na Tânia o dia inteiro

é um açoreano micaelense

mas à SARIP ele pertence

O Ismael gajo expressivo

anotador compulsivo

instinto critico apurado

de cagar está saturado

Depois é o Danish Ghani

dualismo de gajas é assim

fuma tabaco fica contente

mas é fixe com toda a gente

Depois é o Reinold Benfiquista

é um grande trombonista

da Holanda é natural

é pena ela não ter ido ao Mundial

O Berto tá no NERIFE constantemente

è um presidente terceirense

dá burriés a toda a gente

nem come a gaja que lhe pertence

Novembro 23, 2004

“A sociedade americana, com o passar dos anos, tornou-se cada vez mais voluntarista. O voluntarismo não é uma filosofia, mas uma maneira de pensar (…) parte do pressuposto que podemos sempre definir claramente aquilo que desejamos, pelo que o problema passa a ser apenas a forma como obtê-lo. (…)

A ideia central do voluntarismo provém da economia capitalista (…) o fim é claro: maximizar o lucro. Qualquer outro fim não pode ser levado em consideração: é irracional. (…) A sociedade americana aplicou esse tipo de categoria económica a todos os âmbitos vitais, e também ás relações interpessoais, ao erotismo, aos sentimentos (…) estabelece o que queres! Uma vez estabelecido o fim, predispõe os meios organizadores, técnicos (…) Isto é o voluntarismo: fixar sempre, desde o princípio, aquilo que se quer. Queres ser gay, casado ou “só”? Queres uma história romântica ou uma experiência orgiástica? Queres ser monógamo ou polígamo? Esclarecido o que queres, procura o teu grupo, lê os livros de instrução adequados e poderás obter o resultado.

Oposta ao voluntarismo americano está a concepção europeia, segundo a qual nós nunca conhecemos bem as nossas finalidades, porque temos desejos em conflito, paixões divergentes. O problema surge logo no início: queres ser gay? (…) porque há-de fechar-se num gueto e aceitar as regras gay, ser obcecado pelo erotismo? Não é a única finalidade da sua vida. Tem outras, a que não quer renunciar. A finalidade não é qualquer coisa de óbvio. A finalidade é um problema.

As finalidades não existem pré-formadas, antes das acções, no início de tudo. Aparecem. Podemos partir à procura de uma aventura erótica sem qualquer outro envolvimento emotivo, podemos até decidir, em dado momento da nossa vida, que não queremos mais saber do amor. Mas depois perceber, pasmados, que a simples sexualidade, a repetição de encontros novos e superficiais nos desilude, nos deixa no coração uma sensação de vazio, e que temos necessidade de ligações profundas, de sonho e amor. Ou o contrário. Somos casados, queremos bem ao nosso marido ou à nossa mulher, mas temos no fundo do nosso coração uma inquietação que nos faz procurar, em cada pessoa que encontramos, aquele ou aquela que mudará a nossa vida. Cuidado, por isso, se procuramos definir por meio de um teste essa pessoa ideal. Cuidado se nos impomos encontrá-la. Dentro em breve e casar com ela imediatamente. Cuidado se aplicamos a nossa vontade a realizar esse sonho extraordinário com um método racional. Porque aquilo era um sonho. A nossa razão conhece as raízes desse sonho, as necessidades misteriosas do nosso coração. O teste não nos pode dizer nada sobre o que procuramos. ( …) Segundo esta concepção da existência, os seres humanos não se conhecem, não são exactamente o que querem. Decidem maximizar qualquer coisa, devem fazer uma escolha arbitrária entre muitas coisas equivalentes. No mundo das afeições, não se pode aplicar o cálculo do custo-benefício. Porque os benefícios não são comensuráveis e não podem ser confrontados.

Não existe, por isso, uma técnica das relações afectivas. Não existe sequer uma arte, mas no máximo, um conhecimento, um saber que ajuda a compreender e a compreendermo-nos, que ajuda a ouvir e a ouvirmo-nos.”

O Erotismo, Francesco Alberoni, 1986

Novembro 21, 2004

Jantar de RI



Foi preciso acabar o curso para finalmente receber um convite para um jantar de curso. Mais do que escrever num papelito e afixar no meio de cartazes a anunciar coloquios, ou informar durante uma aula no qual estão presentes 10% dos alunos do curso, esta é a forma mais pessoal e eficaz de convidar as pessoas. Não sei quem me enviou o sms mas cá fica a mensagem para toda a comunidade de RI:

Dia 23 de Novembro, terça feira há jantar de RI. Vamos unir o nosso curso com diversão e alegria. O local e hora estão nos placards da FEUC a partir de 2a feira. Não faltes!

Novembro 19, 2004

Parabéns à freguesia de Valado dos Frades

Saiu em Diário da República, III Série, dia 15 de Novembro, página 25409, o brasão, bandeira e selo da freguesia de Valado dos Frades.

– Estou a ler um livro interessantíssimo do psicólogo clínico/filósofo italiano Francesco Alberoni chamado “O Erotismo”, e quando o terminar ponho aqui um comentário. Antigamente o Nuno e o André tinham uma rubrica chamada “Livro que se lê de longe em longe” ou algo assim. Isto é um plágio dessa iniciativa – nunca houve aqui comentários a livros e não sei se haverá algum outra vez.

– Para a semana, dias 24 e 25, o CPR organiza o VI Congresso Internacional do próprio, com o tema “O alargamento da União Europeia e a protecção dos refugiados”, na fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

…se calhar esta referência é inútil. Quem lê este blog, das duas, uma: ou é de RI e, se não recebeu o mail da Dra. Mónica, já ouviu falar de quem recebeu, ou não é de RI e não se interessa muito…

– a nova equipa Red Bull concentra as atenções. É interessante terem chamado o campeão de Fórmula 3000, Liuzzi, a testar, em vez de assinarem já com o Coulthard. E o Klien é muito modesto, dizendo que “não, lá por eu ser austríaco, não estou nada garantido na nova equipa… já agora, está aí mais um GP de Macau em Fórmula 3.

Novembro 19, 2004