Começou em 2007 um projecto para construção de um parque de estacionamento subterrâneo por baixo de um edifício na Avenida Fernão de Magalhães, em Coimbra. Ora, quem diria? Durante as obras apareceram vestígios arqueológicos daquilo que se veio a descobrir ser o Convento de S. Domingos, do século XIII, um dos mais importantes da ordem dominicana em Portugal.
As obras páram, começam as obras arqueológicas, e agora o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) autorizou a empresa a continuar com o parque.
Este é o já clássico conflito entre a actividade empresarial e a preservação do património. neste caso concreto, ocorrem-me várias ideias.
– O facto de o convento ter sido descoberto a 8 metros de profundidade. Já se sabia que o assoreamento do Mondego ao longo dos últimos 800 anos (ou mais?…) tinha provocado uma subida do leito do rio mais ou menos dessa ordem. Mas não deixa de ser fascinante pensar na cidade que se perdeu debaixo da lama.
– O facto de a empresa construtora não ter pensado (???) que, ao projectar um parque de estacionamento subterrâneo na Fernão de Magalhães, existiria uma probabilidade elevada de encontrar alguma coisa!
Alguns dirão se que trata de “encher os bolsos” e que o parque não devia ser construído. Discordo. As empresa procuram oportunidades de negócio; além disso, as empresas não devem ser obrigadas a pagar por uma responsabilidade que deve ser de todos, e portanto do Estado, que é a preservação do património comum (isto quando não existirem empreendedores que consigam criar riqueza a partir do património, e não à custa dele.) O papel regulador deve ser do poder público, que se poderia ter questionado, em primeiro lugar, da real necessidade de criar um parque de estacionamento numa zona central e antiga onde, eventualmente, o trânsito poderia ser diminuído e não aumentado. Mas essa é outra questão.
Neste caso em concreto, parece-me razoável – já que o projecto avançou – que se faça o parque. O convento está a 8 metros de profundidade, numa zona de elevada densidade; seria totalmente impossível pô-lo a descoberto – não podemos demolir os edifícios vizinhos. em última análise, poderíamos revolver toda a baixa de Coimbra. É preferível, creio, concentrarmo-nos naquilo que está à superfície. Quer aquilo que já se fez, e que foi absolutamente notável…
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
…quer aquilo que está ameaçado.
desenvolvido pela plataforma do choupal, a ser colado nos automóveis, como
forma de protesto contra a prevista construção de um viaduto sobre a Mata Nacional do Choupal
Só para concluir: o artigo do Público está assinado pelo jornalista André Jegundo. Peço aos saripianos que puxem pela memória e me digam se é o André que eu estou a pensar, porque teremos aqui mais um “FEUC Tracking”.