Nas últimas semanas, um dos temas mais recorrentes na imprensa refere-se ao vencimento e prémios que Antonio Mexia recebe na EDP. Provavelmente, a maioria das pessoas, quando se refere a este tema, fala com um enorme sentimento de inveja, na realidade somos egocêntricos e criticamos o que gostariamos de ter para nós. Criticamos os altos vencimentos dos jogadores de futebol, porque queriamos ganhar o mesmo, mal dizemos os gestores das grandes empresas, porque pretendiamos um vencimento igual para nós. Mas, hoje vou tentar não ser um português invejoso e demonstrar como o vencimento disparatado e totalmente injustificado de Antonio Mexia cria uma crise económica de enorme escala para o país.
De acordo com os jornais, Antonio Mexia aufere um rendimento diário de 8500€, multiplicando por 23 dias médios de trabalho mensal dá 195.500€ por mês. Pegando no valor mensal do rendimento deste senhor, vamos encontrar quantas pessoas dariam para ter um vencimento mensal a rondar os 700€ caso este senhor não ganhasse este absurdo. Portanto, 195.500€ a dividir por 700€ daria para 260 novos postos de trabalho. Seriam teoricamente 260 jovens com emprego, que comprariam uma casa a rondar os 100.000€, e um carro a rondar os 20.000€, 260 novas familias que teriam potencial para ter, de acordo com a média nacional, 364 filhos. Para a economia, em média, seriam vendidos mais 260 carros, e 260 casas, e formalizados junto de instituições bancárias 120.000€ em crédito, 120.000€ que iriam circular na economia directamente para empresas imobiliárias e de venda de veiculos. Para além destes valores, em média estas 260 pessoas iriam gastar em bens de consumo de 1ª necessidade 260 vezes 250€, ou seja, 65.000€ por mês, que equivale a 780.000€ ano, isto sem contar com dinheiro gasto em férias, lazer, hobbies, vicios… Sem contabilizar todos os empregos que este consumo, e venda de 260 casas e 260 carros iriam fomentar no país.
Analisando os números apresentados de acordo com médias de consumo dos portugueses, o que Antonio Mexia aufere impede o pais de crescer e movimentar cerca de 31.200.000€ de casas e carros não vendidos, e 780.000€ de bens de 1ª necessidade não vendidos por ano. Bastante impressionante se considerarmos que estamos a falar do que um homem só ganha. Os rendimentos de Antonio Mexia criam uma verdadeira crise económica por si só. Imagem quantos “Antonios Mexias” há em Portugal, e quanto este pais se desenvolveria apenas se estes rendimentos fossem cortados para metade, nenhum PEC teria tanto efeito para a economia como uma simples lei de limitação de rendimento máximo em Portugal.
Nota:
Após estas noticias, é engraçado ler a noticia publicada pela agência financeira a 13-05-2006, onde refere: “Antonio Mexia foi vitima da Afinsa;… este responsável terá investido pelo menos 6.000€… não poderá recuperar o dinheiro investido;”
Para recuperar, basta-lhe trabalhar 2 terços do dia…
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